A importância da qualidade de vida no tratamento do cancro
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Quando confrontados com um diagnóstico de cancro, os doentes e as suas famílias dão frequentemente por si a navegar numa complexa rede de opções de tratamento. No meio do jargão médico e das probabilidades estatísticas, há um aspeto crucial que, por vezes, fica esquecido: a qualidade de vida (QdV). Dar prioridade à QdV pode ter um impacto significativo nas decisões de tratamento e no bem-estar geral.
Compreender a qualidade de vida nos cuidados oncológicos
A qualidade de vida engloba o bem-estar físico, emocional, social e funcional de um doente. Reflecte a forma como uma pessoa se sente e funciona diariamente e é fundamental para determinar a melhor abordagem de tratamento. Manter ou melhorar a QdV durante e após o tratamento do cancro pode ajudar os doentes a lidar melhor com a doença e com os seus efeitos secundários, conduzindo a uma perspetiva mais positiva e a resultados potencialmente melhores.
Avaliação das opções de tratamento
As opções de tratamento do cancro variam muito, incluindo a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, a imunoterapia e a terapia dirigida. Cada tratamento tem o seu próprio conjunto de benefícios e potenciais efeitos secundários. Avaliar estas opções através da lente da QdV envolve considerar o seguinte:
Efeitos físicos: Os efeitos secundários do tratamento são um fator importante na QdV. Tratamentos como a quimioterapia têm frequentemente efeitos secundários significativos, como fadiga, náuseas, queda de cabelo e dor, que podem afetar gravemente a vida quotidiana. Em contrapartida, tratamentos como a braquiterapia, que consiste na colocação de fontes radioactivas diretamente dentro ou perto do tumor através de aplicadores, causam normalmente menos efeitos secundários e menos intensos. A abordagem específica da braquiterapia minimiza a exposição dos tecidos saudáveis, reduzindo a probabilidade de efeitos secundários sistémicos. De acordo com a investigação, os doentes submetidos a braquiterapia apresentam frequentemente menos fadiga, tempos de recuperação mais rápidos e menor incidência de náuseas e dores do que os que recebem outros tratamentos.
Bem-estar emocional: O impacto emocional do cancro e do seu tratamento pode provocar ansiedade, depressão e stress. Os cuidados de apoio e o apoio psicológico são componentes essenciais para manter a saúde emocional. Lê o nosso blogue sobre estratégias para te manteres forte e manteres a resiliência mental durante a tua jornada oncológica.
Impacto social: O tratamento do cancro pode afetar a vida social e as relações do doente. Equilibrar os horários de tratamento com tempo para a família, amigos e actividades sociais pode melhorar a QdV.
Estado funcional: Muitos doentes valorizam a manutenção das suas actividades diárias, trabalho e passatempos durante o tratamento. Tratamentos como a braquiterapia, com menos efeitos secundários e tempos de recuperação mais rápidos, permitem muitas vezes que os doentes preservem a sua independência e as suas rotinas. A manutenção do estado funcional melhora a qualidade de vida e apoia a resiliência emocional durante o percurso do cancro.
O ato de equilíbrio: Eficácia do tratamento vs. Qualidade de vida
Os avanços nos tratamentos do cancro melhoraram significativamente as taxas de sobrevivência, mas muitas terapias têm efeitos secundários que podem afetar a QdV. A quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia provocam frequentemente fadiga, náuseas, dores e perturbações emocionais. Estes efeitos secundários podem, por vezes, ser tão debilitantes como a própria doença.
Para alguns doentes, os tratamentos agressivos podem oferecer uma hipótese de sobrevivência mais prolongada, mas podem também comprometer a sua capacidade de desfrutar da vida durante e após o tratamento. Por outro lado, dar prioridade à QdV pode significar optar por tratamentos menos agressivos ou por cuidados paliativos, que se centram na gestão dos sintomas e no conforto, em vez de na cura da doença.
O percurso de cada doente é único, e a escolha entre prolongar a vida e melhorar a sua qualidade é profundamente pessoal. Esta decisão depende frequentemente de factores como o tipo e o estádio do cancro, os valores do doente e o seu estado de saúde geral.
Integrar a qualidade de vida no planeamento do tratamento
A incorporação da qualidade de vida no planeamento do tratamento do cancro implica uma comunicação aberta entre os doentes, as suas famílias e os prestadores de cuidados de saúde. A tomada de decisões partilhada é fundamental para este processo, garantindo que a QdV tem prioridade. Os prestadores de cuidados de saúde podem oferecer planos de tratamento personalizados que se alinham com as prioridades de QdV do doente, discutindo os objectivos do tratamento, os potenciais efeitos secundários e os valores e preferências pessoais.
As perguntas que os doentes podem fazer durante estas discussões incluem:
- Quais são os potenciais efeitos secundários deste tratamento?
- Como é que isso vai afetar a minha vida quotidiana?
- Existem tratamentos alternativos com menos efeitos secundários?
- O que podes fazer para controlar os sintomas e manter a minha independência?
Estas conversas permitem que os doentes assumam um papel ativo nos seus cuidados, garantindo que o seu plano de tratamento apoia as suas necessidades médicas e objectivos pessoais e, em última análise, melhora o seu bem-estar geral.
A qualidade de vida é uma consideração vital nas decisões sobre o tratamento do cancro. Ao dar prioridade à QdV, os doentes e os prestadores de cuidados de saúde podem trabalhar em conjunto para escolher opções de tratamento que apoiem a saúde física e o bem-estar emocional, social e funcional. Esta abordagem holística pode conduzir a melhores resultados e a um percurso mais positivo no combate ao cancro.