Esperança e progresso: O que o EMBRACE II significa para as pacientes com cancro do colo do útero

Se a ti ou a alguém que amas foi diagnosticado um cancro do colo do útero localmente avançado, podes ter ouvido falar de um estudo chamado EMBRACE II. Este projeto de investigação internacional está a trazer uma nova esperança aos doentes ao melhorar a forma como a radioterapia é administrada. Neste artigo, vamos explicar-te o que é o EMBRACE II, o que descobriu e porque é importante – tudo numa linguagem simples e clara.
O que é a EMBRACE II?
O EMBRACE II é um estudo internacional, prospetivo e de grande dimensão que procura formas de tratar o cancro do colo do útero de forma mais eficaz e segura. Envolveu 49 hospitais e centros oncológicos de todo o mundo e centrou-se em mulheres com cancro do colo do útero localmente avançado, o que significa que o cancro cresceu para além do colo do útero, mas não se espalhou amplamente pelo corpo.
A abordagem de tratamento combinada:
- Radioterapia de feixe externo (EBRT): radiação proveniente do exterior do corpo
- Braquiterapia: radiação colocada diretamente dentro ou perto do tumor
- Quimioterapia: medicamento que ajuda a matar as células cancerígenas
O que tornou o EMBRACE II especial foi a forma como utilizou imagens avançadas, como exames de ressonância magnética, para orientar a radiação com maior precisão. Esta abordagem é designada por braquiterapia adaptativa guiada por imagem (IGABT).
Porque é que este estudo foi realizado?
O objetivo era simples, mas vital: aumentar a sobrevivência, reduzindo os efeitos secundários e melhorando a qualidade de vida.
Investigações anteriores, como o estudo EMBRACE I, mostraram que a utilização da ressonância magnética para guiar a braquiterapia permitia aos médicos atingir o tumor com maior precisão e poupar órgãos saudáveis. O EMBRACE II baseou-se nesse sucesso com técnicas ainda mais precisas, testadas em muitos hospitais para confirmar que funcionavam de forma fiável em diferentes contextos.
O que é que a EMBRACE II descobriu?
Na reunião anual da ESTRO 2025, o Professor Richard Pötter da Universidade de Medicina de Viena, um dos líderes do estudo, partilhou os resultados – e foram impressionantes:
- 93% dos doentes não apresentavam sinais de recidiva do cancro na zona original três anos após o diagnóstico(controlo local).
- 87% dos doentes ainda estavam vivos aos três anos(sobrevivência global).
Estes resultados são particularmente encorajadores, dado que muitos doentes tinham doença avançada ou outros problemas de saúde.
O estudo também mostrou que:
- Melhor controlo do cancro nos gânglios linfáticos, graças a uma radiação mais precisa.
- Menos efeitos secundários, incluindo uma redução de 70% nos casos de fístula (apenas 1% dos doentes desenvolveram esta complicação, que pode ter um grande impacto na qualidade de vida).
O que torna a EMBRACE II diferente?
Eis algumas das principais melhorias introduzidas pela EMBRACE II:
- Campos de radiação mais pequenos – A imagiologia permitiu aos médicos focar a radiação com maior precisão, protegendo órgãos saudáveis como a bexiga, a vagina, o reto e o intestino.
- Tempo de tratamento mais curto – A maioria dos doentes completou o tratamento em menos de 50 dias. Isto é importante porque tratamentos mais longos podem reduzir a eficácia.
- Melhor qualidade de vida – Os efeitos secundários graves diminuíram de 4% no EMBRACE I para menos de 1% no EMBRACE II.
O que é que isto significa para os doentes?
Para as doentes, a EMBRACE II oferece uma esperança real e baseada em provas. Mostra que, com a tecnologia certa e um planeamento cuidadoso, o cancro do colo do útero pode ser tratado de forma mais eficaz e com menos efeitos secundários.
Isto pode significar:
- Melhores hipóteses de sobrevivência
- Menor risco de reaparecimento do cancro
- Melhoria da qualidade de vida
- Cuidados mais personalizados com base nas caraterísticas do teu corpo e do teu tumor
O que vais fazer a seguir?
A equipa da EMBRACE continua o seu trabalho, procurando formas de:
- Aperfeiçoa os tratamentos
- Prevê quais os doentes com maior probabilidade de sofrer efeitos secundários, para que os cuidados possam ser ajustados antecipadamente
- Forma médicos, físicos e enfermeiros em todo o mundo para que os doentes possam beneficiar destes avanços
Uma palavra dos especialistas
O Professor Pötter, que lidera esta investigação há muitos anos, disse-o da melhor forma:
“Muitas pessoas trabalharam muito neste projeto em 49 centros, e agora conseguimos reunir os resultados. Ficámos surpreendidos por ver resultados tão fortes e encorajadores”.
Considerações finais
Se estás a enfrentar um cancro do colo do útero, é natural que te sintas sobrecarregada. Mas estudos como o EMBRACE II mostram que a ciência está a fazer verdadeiros progressos. Com melhores imagens, um planeamento mais inteligente e um enfoque nas necessidades únicas de cada paciente, o tratamento está a tornar-se mais eficaz e mais suave.
Fala com o teu médico para saber se a braquiterapia guiada por imagem pode fazer parte do teu plano de tratamento. E lembra-te: em todo o mundo, investigadores e médicos estão a trabalhar arduamente para te dar os melhores cuidados possíveis.
Vê a entrevista do Professor Pötter para a BrachyAcademy sobre o Embrace II.